segunda-feira, 11 de abril de 2011

Química do Sono

Tuareg, Telheiras - 2011
Caí num buraco,
Melhor digo:
Ele veio, envolveu-me,
Como o saco do lixo,
Negro
...
Um filme a preto e escuro.


Sou marioneta.
E o demónio move-me os fios,
Com amanteigadas mãos,
Das muitas pipocas 
Que, deleitando-se, come,
Guloso.


Numa esquina um cavalo,
Em cima o chão,
Ao lado o tecto.
Contudo, saida não há,
Nem tesoura,
Que me corte os fios.


Mato,
Rio,
Esfolo e sorrio,
E ao fundo do buraco sem fundo,
A terra treme.
E enfim findou o meu sono REM.


Suo.
"Que pesadelo."




P.S.: O sono REM é o sono profundo, quando sonhamos. Wikipedia: Sono REM

5 comentários:

Rui Lourenço disse...

Real de mais este sonho!!
Há na vida muitos buracos onde caímos, que vêm ou nos envolvem!
Vou começar a trazer uma tesoura no bolso...

JMCerdeira disse...

Haha, belo comentário.
Vou começar a ver o Eduardo Mãos-de-Teseoura antes de adormecer todas as noites.

João Fermoselle disse...

Parabéns Cerdeira! Está muito bom o texto.
Arrisco a dizer que foste buscar alguma inspiração a um certo congresso Miraciência, ou não?
O título recordou-me de imediato uma das apresentações.
Um abraço

JMCerdeira disse...

Muito obrigado. E sim, é verdade João. Embora eu já tivesse pensar escrever sobre isto, uma certa apresentação incentivou-me e inspirou-me.

Patricia Almeida Alves disse...

Gostei bastante, Zé! Continua a sonhar assim... estou ansiosa por ler o proximo... já escolheste o tema? Pode ser sobre os pequenitos seres da nossa vida... ;) bjs