Amordacei o rádio do carro.
Torres e canhões ergui,
Junto à porta do meu quarto.
Basta. Basta de vibrações,
Puxões, empurrões, vozes que chamam,
Jornais de manhã, notícias ao meio-dia,
Discussões ao chá,
E oratória...
(Mais verborreia...)
Noite adentro no televisor.
Meditei, contemplei:
A beleza do intervalo sem anúncios;
A paz da viagem ao silêncio do motor;
O sabor do bife acompanhado pelo negrume de um ecrã.
Hoje calcorreei os becos da minh'alma.
E mesmo sozinho me fartei de ouvir gritar os pensamentos.
Mordaça também para esses, igualmente malditos.
Fiz-me nu do mundo.
Assim sempre posso experimentar outra roupa.
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