Ricardo Reis (Fernando Pessoaa) |
Não posso.
Ainda querendo.
Não me "deixam" tirar-te o chão.
Não te tirarei igualmente "os deuses".
Nessa montanha, lá longe,
Em que os vislumbraste,
Fizeste tu o ar irrespirável.
Pois eu O vejo na ribeira que é cobra,
E num martelo; feio; áspero; mundano.
Choras porque te deram direcção
E sim,
"A riqueza é um metal, a glória é um eco
E o amor uma sombra."
Mas de que serve admirar um mapa sem norte?
De nada serve...
Poderes andar e não quereres ir a lado nenhum.
Ah! Levanta o pescoço duma vez!
O amor do Amor é sombra!
E se a sombra é água do mar,
Que só traz sede...
O Amor jorra como fonte!
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