sábado, 30 de junho de 2012

História de amor entre duas pedras da calçada

Os opostos atraem-se.
Assim foi com estes dois.
Tinha cor de cal, ele;
Cor dos homens com fome.
Branca pedra da calçada.
Delirava com a fome, sim.
Olhava para cima.
Sempre, todo o dia,
Esperava esfomeadamente o amor.

Passava um e muitos,
Mas passavam...
Vinham...
E calcavam o pé.
Mesmo em cheio na sua esperança.
falta ainda

Cansou-se um dia de olhar para cima.
E então,
Fulgurante,
Hesitante,
De coração rubro e palpitante,
Logo que a viu, saltou.

Procurou ele uma vida.
Pela pedra ao lado,
Aquele negrume cor de fado.
Ela que sempre o olhava,
Calada,
Esteve sempre lá.

Com o vislumbre da felicidade,
Em êxtase nesse salto,
Foi parar à estrada.
Passou um carro,
Rua abaixo o levou.

Nunca mais a viu.
Depois de uma inteira vida...
Amando-a sem saber.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Mariana reivindica direitos sobre a expressão "amor entre as pedras da calçada", just for you to know. ahah.

Um grande «aime ça» para isto.

Diana

Cristina Cotrim disse...

Grd poesia.Obg pel partilha.Lindo

Poeta Perdido disse...

Ideia muito original. Gostei.