Os opostos atraem-se.
Assim foi com estes dois.
Tinha cor de cal, ele;
Cor dos homens com fome.
Branca pedra da calçada.
Delirava com a fome, sim.
Olhava para cima.
Sempre, todo o dia,
Esperava esfomeadamente o amor.
Passava um e muitos,
Mas passavam...
Vinham...
E calcavam o pé.
Mesmo em cheio na sua esperança.
falta ainda
Cansou-se um dia de olhar para cima.
E então,
Fulgurante,
Hesitante,
De coração rubro e palpitante,
Logo que a viu, saltou.
Procurou ele uma vida.
Pela pedra ao lado,
Aquele negrume cor de fado.
Ela que sempre o olhava,
Calada,
Esteve sempre lá.
Com o vislumbre da felicidade,
Em êxtase nesse salto,
Foi parar à estrada.
Passou um carro,
Rua abaixo o levou.
Nunca mais a viu.
Depois de uma inteira vida...
Amando-a sem saber.
3 comentários:
A Mariana reivindica direitos sobre a expressão "amor entre as pedras da calçada", just for you to know. ahah.
Um grande «aime ça» para isto.
Diana
Grd poesia.Obg pel partilha.Lindo
Ideia muito original. Gostei.
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