sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A carruagem mascarada

Os sorrisos foram-se.
Mascarados:
Todos e cada um,
Na carruagem
(Caixão me parece).

Então tentei...
De soslaio olhei...
Pelo reflexo do vidro do metro.
Talvez fosse a mascarada um feitiço barato.
Mas,
Irritantemente
Não caíram.

Às tantas,
Fingi enamorar-me d'outra vista.
Esperar. Esperar. Esperar.
E num repente quase sem tempo,
Fulminei-lhes as caras de esgares,
A um e outro e outra,
Fazendo os meus olhos roleta russa.
E todos viram que estava a olhar.
Não caíram.

Então,
Um rasgo de esperança.
De vidro em vidro, até meu ouvido,
Bate uma musiquinha.
Contudo,
Depressa desceram as pontas de meus lábios.
Quando vi.
Até o acordeonista...
Não caiu.

Abriram-se as portas.
Hesitante,
Desconfiado,
Pus um pé e outro fora.
Quando o apito,
Solene,
Do fecho das portas,
Soou,
Tornaram a pedir meus olhos,
Que confirmasse.
E estava tudo igual.
Não caíram.

E disse-lhes:
"Fizeram-lhes mal as férias."

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