segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Obrigado e até já!

Tudo tem o seu começo... E às vezes, tudo tem o seu fim. Ou a sua pausa. Há 6 anos, comecei uma coisa minha, o Crónicas de uma gravata que, para quem sabe, foi o sítio onde partilhei cerca de 70 e poucos poemas com o mundo. Desde Junho deste ano que não me decidi a escrever mais nada. Mas não há semana que o facto de ter o blog ali a desertificar não me pese e não me soe como uma obrigação a dizer: escreve! Como tal, decidi dar uma pausa a isto, que é para me poder desobrigar a mim próprio de ter de actualizar a coisa. Vou só deixar aqui aquele texto que gosto mais, de todos os que escrevi. Obrigados e ate já!

História de amor entre duas pedras da calçada

Os opostos atraem-se.
Assim foi com estes dois.
Tinha cor de cal, ele;
Cor dos homens com fome.
Branca pedra da calçada.
Delirava com a fome, sim.
Olhava para cima.
Sempre, todo o dia,
Esperava esfomeadamente o amor.

Passava um e muitos,
Mas passavam...
Vinham...
E calcavam o pé.
Mesmo em cheio na sua esperança.
falta ainda

Cansou-se um dia de olhar para cima.
E então,
Fulgurante,
Hesitante,
De coração rubro e palpitante,
Logo que a viu, saltou.

Procurou ele uma vida.
Pela pedra ao lado,
Aquele negrume cor de fado.
Ela que sempre o olhava,
Calada,
Esteve sempre lá.

Com o vislumbre da felicidade,
Em êxtase nesse salto,
Foi parar à estrada.
Passou um carro,
Rua abaixo o levou.

Nunca mais a viu.
Depois de uma inteira vida...
Amando-a sem saber.

P.S.: obrigado especial à revista online Nanozine por publicar um dos meus poemas e à Leonor Ferrão e ao Ricardo Roque Martins por me dar um meio de expôruma das poucas músicas que compus. =)

Sem comentários: